sábado, 17 de novembro de 2007

Nossa gente

muito embora toda opressão
um povo vai pela estrada
transformando fronteiras
em porteiras escancaradas

apesar de toda convenção
um povo atravessa pontes
desconhecendo bandeiras
no rumo dos horizontes

mesmo com toda hipocrisia
um povo invade a cidade
descalço e sem compromisso
a não ser com a verdade

por mais correntes que existam
um povo prossegue livre
e por mais que o tentem negar
ele persiste, avança e vive

a despeito de tudo e todo não
este povo resiste criança
pois ele é simplesmente
a nossa própria esperança

Praça de Flores

Daquela praça lembrança
o gosto do sorriso,
úmido de sereno
nossas vozes eram labaredas
consumindo toda tristeza

um clarão vertia do coração
coisa furiosa,
brincadeira de criança
era beija flor voando pra lua
acordes de acordar a noite

e do meio dessa noite
brotava a certeza
irresistível do amanhã
e no clamor da multidão
ouvia-se claramente
a voz de deus

Vira o cocho

Um dia, no antes, era um homem
arava a terra, plantava semente
com suor regava a vida
que a terra fértil devolvia
florescia e frutificava

mas a ilusão arrastou
o campeiro pra cidade
tanta luz e maravilhas
onde mora a felicidade

um dia, no agora, é boi de canga
prepara massa, senta tijolo
mas o asfalto duro e seco
não devolve o seu suor
tampouco concreto da flor

a miséria acorrentou
o campeiro na cidade
tanta iluminada armadilha
onde mora a falsidade

devora seus dias
em pratos feitos
como tanta injustiça
pode caber num peito

esmaga seus sonhos
na condução cheia
agora em vez de sangue
cachaça corre na veia

um dia, no depois, nunca soube
que o melhor será sempre amanhã
um dia, no depois, soube sempre
que amanhã nunca será melhor

Oô, Vira o cocho
onde te servem os restos
Eê, vira o cocho
pra ser homem novamente
Oô, vira o cocho
onde te deixam a esmola
Eê, vira o cocho
pro povo voltar a ser gente

Alimento

Eu alimento a esperança
com toda raiva do peito
mas deles não quero vingança
apenas o que me é de direito

só quando as asas aguentam
a barra do primeiro vôo
é que os poderosos atentam
para o perigo que sou

somente com poesia liberta
se pode falar a verdade
só a palavra franca e aberta
arrisca pregar liberdade

hoje co'as janelas trancadas
pro campo verde florido
as idéias próprias decepadas
e o coração calado e doído

eu alimento a esperança
com toda raiva do peito
mas deles não quero vingança
apenas o que me é de direito

Outro dia

Outro dia arrebenta no asfalto
outro corpo boia no charco
mas o dia que não nasceu
ameaça cada vez mais
alçar vôo do túmulo do breu
e lançar afiados punhais

outro corpo boia no asfalto
outro dia arrebenta no charco
navega inchado o poeta maldito
o canto calado, o verso banido
lateja na consciência o escrito
e ecoa pra sempre o ganido

Canção para quem vai

Vá e seja feliz
faz o teu caminho
atras do teu próprio nariz
sabes que não estas sózinho
haveremos de encontrar a paz

va e seja feliz
constrói o teu ninho
planta bem fundo a raiz
rega com amor e carinho
sabemo o bem que faz

cada um de nós
segue rumos diferentes
levados pela ânsia feroz
de encontrarmos nossa gente

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A manhã dos homens

Surgiu no céu
a manhã dos homens
e raios de sol
pintaram as nuvens
dos rios nasciam canções
abriu-se um novo caminho
todas as soluções floriram
no vôo de um passarinho
Até que
um clarão maior chegou
ensurdeceu, calou, cegou
e todos no breu novamente
e desta vez para sempre
Esperança

É caminhar na escuridão
neste passo embriagado
carregados pela mão
de um carrasco mascarado

É numa cela escura
acreditar ainda na luz
é credo de alma pura
é a fé que nos conduz

Um dia, talvez não longe
se abrirão todas janelas
pra terra não sei bem onde
que é o rumo destas velas

Um dia sem mais ausências
e nenhuma pessoa sem rosto
da revolta das consciências
a tudo que foi imposto
Dinheiro

Eu sei que há muito
há muito pra ser feito
sei também que há tanto
guardado neste peito

eu sei, só faço perguntas
causando sempre confusão
mas afinal quem vai
revolver o caldeirão

é preciso conhecer
o outro lado do muro
o outro lado de sí
pra não morrer no escuro

eu sei, só faço perguntas
embaraçando a situação
mas afinal quem vai
ascender a escuridão

eu não tenho compromissos
a não ser com o coração
que é um louco varrido
inventor desta canção
Atalhos, ruas, estradas

não nasceu, surgiu
por acaso
pequeno, estreito e seguiu
levando a algum lugar

cresceu, não como gente
alargou-se, alongou-se
assim, feito serpente
levando a algum lugar

mas maior, muito maior
muito mais do que antes
de asfalto vestiu-se
levando a terras distantes

Alastrou-se, rasgou o chão
deixando no solo um retalho
muito tempo se passou
os tempos de um simples atalho
Impactos subjetivos do calcanhar de Aquiles

Um tablete de margarina derretia
enquanto as moscas passeavam no corredor do manicômio
e os doentes cantavam parabéns ao fogareiro

Um morimbundo subia nos postes
para conversar com os grilos
que haviam morrido de hepatite

A casa verde amadureceu
porque o cachorro da vizinha
migrou para o sul
com os vagalumes

O pneu do carro rodava tranquilo
até avistar uma chicara de chá
em cima de um viaduto
com um morcego na orelha

Além dos postes
existem sempre outros
só que ao contrário
ou não?
se disseres sim
saberei que "sim"
significa:
moscas verdes não comem alpíste!

Mnhã do meio sol

Quando se abre a porta do refrigerador
sempre ve-se o sol nascendo
por detrás das espigas de milho
e os insetos comendo caviar
A partir de agora começo a postar poemas de um menino que sonhava muito, sonhava demais e penso que muito tempo depois continua igualzinho, pelo menos neste sentido!
É um conjunto de poemas escritos em grande parte na adolescencia para serem letras de rock'n roll do grupo que seria, se tivesse existido, a maior banda de rock do Brasil...quiça do mundo...rs.
Os quase famosos "Ratos de Rua" formado pelo meu grande amigo Marcos Henkel e por mim mesmo...claro.
Uma espécie de Lennon&Mcartney que não sabiam tocar nenhum instrumento. Pena, o mundo deve ter perdido uma grande oportunidade...coisas da vida...
Mas vamos a eles...
Vamos chama-los de "Ratos de Rua Greatest Hits"

sábado, 13 de outubro de 2007

d'Aldeia (pauloPioner)

Ela situa-se no limite,
entre o efêmero e o eterno,
acima do céu,
abaixo do inferno.
nação de doido,
meio doido,
doido e meio,
como diria o duende.
Nela vivem,
todos que nela vivem,
dela saem,
todos que dela saem,
pra ela voltam,
todos que para ela voltam,
em simples ser agora,
nada mais,
sem outro tempo,
sem nenhum tempo sequer.
É imagem,
imaginação,
cabe no peito,
no coração,
abriga almas livres
e sem rumo,
no rumo do seu talvez.
São pássaros ciganos,
do coração de lili,
sem projetos nem planos,
é aqui, é ali,
é qualquer lugar,
onde teu olho brilhe,
onde teu sorriso exploda,
onde tua gargalhada ecoe.
Terra de fadas, duendes, princesas,
de mortais, plebeus, realezas,
onde tudo cabe,
onde nada se precisa saber,
além do teu cabelo no vento,
além de meia dúzia de acordes,
que acordem as doidas madrugadas,
com cantigas novas,
com histórias antigas.
Onde sempre há sol,
quando ele nasce,
onde há sempre chuva,
quando ela cai.
E sempre há uma fogueira na aldeia,
para aquecer os que tem frio,
para iluminar quem precisa de luz,
ela é marco, é bandeira, é razão,
para identificar o território da alegria.
E em volta dela,
os aldeões,
de todos os cantos do mundo,
dançam e cantam,
todas as danças do mundo,
todos os cantos do mundo.
"Somos a semente, ato, mente e vóz" *
daqueles que caem,
daqueles que desistem,
daqueles que desesperam,
daqueles que calam.
Acima da aldeia,
há sempre uma estrela,
e abaixo da estrela,
há sempre uma aldeia,
em cada um de nós,
em cada silêncio,
em cada solidão,
em cada vez,
que me abraço só ao violão,
como a fada aprendiz,
e rezo uma prece sem Deus.
E há uma marca,
em cada habitante da aldeia,
que os difere,
que os faz assim.
Todos eles podem contar a história,
do dia em que se pegaram vagando entre as nuvens,
com seus olhares pousados no azul e na paz,
do dia em que falaram com a estrela,
ou simplesmente a assistiram dançar com a lua,
e sorriram,
pois ali compreenderam o grande motivo da vida.
Eu vos saúdo,
povo da aldeia,
d'Aldeia dos doidos da madrugada
Mutação (pauloPioner)

...os espinhos crescem sob a pele,
e estão prestes a brotar,
as asas encolhem-se sob as vestes,
prontas para voar,
a casca do ovo se partiu,
dele sairá o novo,
o novo que vem do ovo,
a águia com a serpente no bico,
a serpente que voa,
a águia que dança,
quem leva quem?
de onde o vento vem?
todo novo é sempre inusitado,
e eu adoro o inesperado,
de cada próximo segundo,
o que vai acontecer?
não me interessa,
na verdade o que!
me interessa apenas que aconteça,
pois assim é que é,
ventos, asas,
serpentes, brasas
últimas brasas da fogueira,
que ainda ardem,
mas que vão pela manhã,
virar cinzas,
e é preciso que seja assim,
nada acaba,
tudo muda,
tudo que era velho,
se torna novo,
orvalho no campo,
assim gira a vida,
a vida é um círculo,
nem começo,
nem fim,
é apenas isso,
é somente assim,
que assim seja!
é tudo que eu quero ser II (aos doidos originais) (pauloPioner)

agora há mais azul no céu,
mesmo que seja noite,
há mais uma estrela que brilha,
como a muito não se via,
agora há mais um motivo para sorrir,
agora há só alegria,
agora ha festa na aldeia,
dia e noite, noite e dia,
e a noite entende o sinal,
o potro arrebenta a soga,
e galopa campo afora afinal,
campos sem alambrados,
campos sem fronteiras,
daqueles que lutavam juntos,
mesmo em diferentes trincheiras,
agora o pássaro abre suas asas,
e estoura as grades da gaiola,
nada detém a verdade,
quando ela faz-se senhora,
verdade que sempre é,
verdade que sempre foi,
o que é brota,
mesmo sob o asfalto,
rompe muros de concreto,
pequena e frágil semente,
como eu gosto desta gente,
mesmo que não demonstre o quanto,
mesmo que ande ausente,
tanto tempo pelos cantos,
levo sempre,
sob a estrela,
dentro do coração,
que é a minha fogueira,
alumiando-me a escuridão
"Canção para o primeiro dia de Setembro" (pauloPioner)

No primeiro dia de Setembro,
levantei cedo e fui caminhar,
por caminhos ja trilhados,
deparei com aromas familiares,
com rostos conhecidos,
senti no vento o perfume das flores,
a muito tempo colhidas,
brinquei repisando pegadas antigas,
contemplei as nuvens que se desfizeram
e refizeram-se tantas e tantas vezes,
senti na face a mesma brisa,
daqueles dias distantes,
como num filme,
como num sonho,
e na beira do caminho,
por dentro de um resto de mata Atlântica,
nalguma serra de Minas,
encontrei as mesmas perguntas,
esperando serenamente suas respostas,
que talvez um dia brotem,
talvez um dia não,
quem sabe?
só sei que hoje,
é o primeiro dia de Setembro

"Seja festa
A quem venceu mais um dia
A quem dorme e a quem cansa
A quem ouve a melodia
Pra quem namora e dança
Pra quem vai ter e adia
Pra quem recua e avança
Pra quem quer se alegrar" *

Oswaldo Montenegro
A Fada Lilás (pauloPioner)

...em lilazes inacreditáveis
na tela surreal de um doido poente
inventando cores inimagináveis
por sobre o horizonte incandescente

se derramando em cachoeiras de luz
em filigranas de cristais cintilantes
por entre o manto de verdes nús
transmuta-se em bruma brilhante

em pauta e verso, canção e poema
em acordes de tons naturais
ecoando na madrugada serena
pelas frias serras dos gerais

unindo passado, presente e porvir
paira acima do bem e do mal
assim como fosse possível existir
um sem o outro...afinal

entre nuvens de um céu que é mar
de um mar que esta todo no céu
conjuga todas as formas de amar
e envolve o mundo em seu véu

nela toda criação se justifica
na beleza do sorriso encantado
toda natureza floresce e frutifica
toda vida encontra significado

que a arte te guarde e o mundo te mereça
como um fim de tarde em aurora se faz
que eu em momento algum te esqueça
assim seja ...pequena fada lilás
reticências (pauloPioner)

Cada vez mais...
meu olhar busca o infinito,
encontro e desencontro,
de paralelas que se tocam,
cada vez mais,
sou eu em tudo
e tudo em mim,
sou cada vez mais pedra,
cada vez mais planta
cada vez mais bicho,
menos humano,
menos sensações,
sentimentos,
e instintos... humanos
ja não me dói,
tristeza,
solidão,
saudade,
e todas estas pequenas,
sensações humanas,
ja não sinto,
alegria,
amor,
ódio,
e tantas outros,
sentimentos humanos,
ja não busco mais,
descobrir o que sou,
sou tantos,
sou tudo,
sou todo,
sou o onde terminam uns
e começam outros,
continuidade,
constância,
eternidade,
infinito,
pois não existem as divisões,
imaginadas pelo cérebro humano,
sou o que estava na primeira partícula,
e sou o que estarei na última,
nem fui, nem serei,
apenas sou ... sempre
apenas as imagens criadas pelas palavras
me ligam ao mundo dos humanos,
o quinto elemento,
fogo, terra, água, ar...e poesia,
sou isso em tudo,
inteiro,
completo,
assim como tudo em volta o é,
basta compreender,
"compreender a marcha e seguir em frente"
todas as questões adormecem em mim,
na paz de um final de tarde na rede,
olhando o verde, o azul, o marron,
assistindo a dança da luz
e sabendo-me inteiro
e parte deles,
quero ser um dia,
a pedra que se gasta em grãos,
ser pedra,
em milhões de grãos de arenito,
areia da praia e do deserto,
areia da construção
e do campo de futebol da periferia
quero ficar grudado,
na tatuagem da menina linda,
no suor do trabalhador braçal,
na planta do pé do menino que brinca,
na pele do vento que me levará,
sempre para o mesmo lugar,
de onde venho,
para onde vou,
pois todos os lugares são meus,
ou melhor,
são eus
tanto...e tão pouco (pauloPioner)

ha tanto...
e tão pouco
ja não arde a pele ao fogo,
ja não há temor pela fogueira,
bruxas, bruxos,
feiticeiros e feiticeiras,
seres de outra dimensão,
minha dimensão,
meu mundo,
meu chão,
elegia pagã,
de um poeta pagão,
nem isso,
nenhuma história é a minha,
nenhum ideal é o meu,
nenhuma doutrina ou religião,
só o nada, o vazio,
um ex deus na solidão,
uma divindade desempregada,
um santo sem perdão,
um anjo embriagado,
num prostíbulo cristão,
sinais e luzes que piscam,
estrelas que caem,
riscos num céu de giz,
ensinamentos que nada valem,
aprendizado que não valeu,
só mentira e interesse,
só discórdia e desilusão,
quem mandou acreditar nos humanos,
quem mandou acreditar no verão,
quem sabe de mim sou eu,
e eu não sei de mim não,
nenhum cobertor para o frio,
nenhum pedaço de pão,
devaneio, livro pelo meio,
vida jogada fora,
tempo gasto sem razão,
música que ninguém canta,
dança que ninguem dança,
a Rainha perguntou,
se era verdade ou mentira,
e ninguém teve coragem de responder,
e a Rainha se jogou do alto da torre,
para acordar a Aldeia,
somente o tolo acudiu,
bobo da corte,
tolo sem sorte,
devem pensar os de em volta,
que passam e fazem de conta,
que lamentam,
e viram as costas,
jogo de cartas marcadas,
jogo de contas de vidro,
quem leu?
eu não,
anoitece,
anoitece em meu coração,
não a noite plena de estrelas,
não a noite serena das varandas,
não a noite em volta do fogo,
não a noite da dança na praia,
da lua na areia,
"do lençol de cambraia"
apenas anoitece a escuridão,
sem lua,
sem tua aparição,
noite de negra tormenta,
de tormento atroz,
de escuro profundo,
no fundo de nós,
como quem submerge num mar sem fundo,
no mar do fim do mundo,
eterna queda,
sem esperança de parar,
desespero,
o planeta vai explodir,
e um silêncio tão denso,
tão denso,
que posso ouvir o que penso,
e havia tanto...parecia,
para colher no pomar,
e havia tanta risada,
e música... e dança... no bar,
ledo engano
fim do ano,
fim de festa,
espio pela fresta,
da porta do não voltar
Verde (pauloPioner)

verde,
de um verde que nunca vi,
que são tantos verdes,
de tantos tons e sobretons,
de tantas nuances de cor,
como um crepúsculo que não findasse,
e insistisse no sempre,
verde de enlouquecedoras esmeraldas,
ou fantasiosa kriptonita,
que subjuga super homens,
quiça meros mortais,
esse verde seria,
de enigmática e insondável equação quântica,
ou seria apenas simples vôo de borboleta,
planando no seio da mata Atlântica,
senão a própria mata,
ou a selva Amazônica,
Seria verde,
de um medo de não ver,
ou não querer,
medo de não ser,
ou não saber o que dizer,
quando deveria,
pois o verde cristal é fragil,
e pode estilhaçar,
e depois, e depois,
como colar?
Loucura (pauloPioner)

Loucura,
a minha e a tua,
mais do que a estrela,
mais do que a lua,
Paixão,
de corpo e coração,
de mão na mão,
olho no olho,
que deixa a alma em combustão,
Desejo e intensidade,
desejo e intenção,
de fazer o mundo feliz,
de semear felicidade,
sonho que se sonha junto,
só pode virar realidade,
ousadia,
faz de cada e todo,
um dia de amanhecer,
a manhã e ser,
feliz
Sorriso de Primavera (pauloPioner)

e era assim,
um sorriso,
como fosse a própria primavera,
como um sol que nascesse lentamente
e fosse filmando as ultimas gotas de orvalho em movimento,
entre a folha que a gerou,
e a terra que a acolherá,
instante único,
como todo instante o é,
flagrante de vida,
imagem da própria magia,
um sorriso que trazia a luz,
toda a luz,
de quantos sóis houvessem existido,
de quanta luz pudesse ser inventada,
imaginada ou criada,
de olhos claros de um ser que não fosse,
de um existir sem existência,
de tudo que escorresse pela mão,
de quem escreve o dia,
desenha a vida,
e pinta as paisagens ensolaradas de primavera,
um sorriso com a sinceridade divina do inalcançavel,
do verso puro e apaixonado de um adolescente,
descobrindo a descoberta,
das portas iluminadas que levam a felicidade,
apenas um sorriso,
mas que continha em sí,
o grande e único motivo,
um sorriso apenas,
mas que só poderia ter nascido na primavera,
para espalhar-se pelas estações,
colorir invernos,
amenizar verões,
e andar de mãos dadas com o outono,
e cobrir tudo com esse manto encantado
que é o amor,
em seu estado puro,
intocado pela mesquinhez humana,
amor como só poderia ser sentido,
pelos corações, todos,
que unissem seus batimentos em um uníssono,
pelas mãos que juntassem pele e pele,
de todos os habitantes da terra,
numa corrente de energia que brilhasse de tal forma,
com tal intensidade,
que só num sorriso como esse,
pudéssemos experimentar,
um simples e maravilhoso,
sorriso de primavera
A menina (pauloPioner)

Agora a menina anda descalça,
como pisando em algodão,
serão nuvens ou sera o chão?
agora os olhos abrem-se em pura luz,
ja não existe a neblina do tempo a turva-los,
e tudo ficou tão claro,
agora as pernas retomaram a força da infância,
e correm ligeiras entre flores e passaros,
agora a face volta a sentir o frescor da brisa da manhã,
e os cabelo soltos dançam, dançam , dançam,
como se ouvissem a mais linda melodia,
agora o corpo paira leve sobre o mundo,
agora ja não há dor nem aflição,
e em seu rosto ilumina-se um sorriso inteiro,
e ela olha-se no espelho mágico da vida,
como esta linda, como nunca antes percebera,
agora esta onde nem em sonhos imaginou,
e é quente o sol,
e é leve a brisa,
faz-se sem sentido qualquer tristeza,
que razão teria para sentir-me amuado,
se agora em vez de mim,
ela caminha com Deus a seu lado
sou (pauloPioner)

sou,
em um momento,
big bang,
alfa centauro,
universo em expansão,
e razão de toda a existência,
e logo depois
inversão,
o oposto da luz,
me desfaço,
naquilo que me traduz,
sou o que afirmo,
e o que nego,
no olho de um buraco negro,
e isso tudo,
num sempre e sempre contínuo,
girando em moto perpétuo,
nascendo e morrendo,
um zilhão de vezes,
em um momento,
que sou
triste (pauloPioner)

triste...é assistir a maldade gratuita
e toda maldade é gratuita,
triste..é ver coisas que deveriam ser puras,
sendo feitas por puro interêsse,
triste...é ver o interêsse sendo mais valorizado do que a verdade,
embora ele nunca vá valer mais do que a verdade,
triste...é ver a tristeza no olhar de quem não compreende a injustiça,
sem saber que a injustiça,
é realmente incompreensível,
triste...é ter que desistir de pessoas,
é desistir de acreditar nas pessoas
e ver pessoas desistindo de sí mesmas,
mesmo sem saber,
triste...é vislumbrar o rastejar desprezível da vingança,
triste...é ver a disputa de almas,
como se amizades se conquistassem com atitudes artificiais,
triste...é ver que sujam o córrego,
pelo prazer de ver os que bebem mais abaixo bebendo água suja,
triste...é ver pessoas agindo dessa maneira,
pois não posso acreditar que elas sejam isso,
triste...é ver que essas pessoas só podem ser tristes,
e assim me fazem triste também
Vazio (paulopioner)

O que dizer?
quando não se tiver nada pra dizer,
melhor calar,
calar e adormecer,
o que sentir?
quando tudo por dentro parecer vazio,
melhor se deixar ir,
na correnteza do rio,
o que chorar?
quando nem por alguém se pode,
melhor rir,
que o riso nos acode,
o que olhar?
se o céu esta tão nublado,
melhor então,
permanecer calado,
e esperar a manhã,
que sei, esta vindo
melhor o dia
que amanhã será mais lindo
Simplesmente (pauloPioner)

Cumprir a vida,
fazer por merece-la,
fazer valer a pena
toda vida sobre a terra
entregar-se e ungir-se
na luz da estrela
amar o campo, a grota,
a lagoa e a serra

compreender a marcha,
aceita-la como é
decifrar os infindáveis
dialetos da alma
escondidos nos gestos,
nas palavras, na fé
na coreografia silente
magia da lua calma

ir tocando em frente,
na direção do dia
da linha, logo alí,
do horizonte perene
que guarda as manhãs
prenhes de alegria
e do amor pleno...
o primitivo gene
A lenda da estrela (paulopioner)

Conta a lenda
que longe, longe,
havia uma estrela,
que ninguém sabia,
tampouco que ela existia,
que brilhava em seu sistema,
como se ele fosse tudo.
que também não sabia,
por sua vez, que existiam outros sistemas,
outras galaxias,
um universo inteiro.
mas seu brilho,
mesmo não sendo o mais intenso,
insistia em fugir dos seus domínios
e viajar por mundos outros
mesmo sem saber,
ela estava em todo lugar,
pois seu brilho por lá andava
até que um dia,
refletindo em algum satélite,
ou seja lá o que fosse,
ela viu o seu próprio brilho
e encantou-se com sua beleza,
mesmo não sabendo-o dela,
era um brilho único,
como ela nunca soubera antes
e começou então a olhar
para muito além de seu mundo,
que por sua vez,
também eram seus mundos,
e viu o quão significativa era,
quanta luz espalhava,
mesmo não sendo a maior das estrelas,
ou a mais brilhante,
isso não importava,
importava iluminar o quanto pudesse
e descobriu que aquele brilho primeiro,
era seu próprio brilho
então, mais linda se fez
e muito mais brilhante se tornou,
e hoje esta em todos os céus,
brilhando,
como mais uma estrela,
mas de um brilho só seu
Verdade? (pauloPioner)

Verdade?
Quantas verdades existem?
uma , um milhão?
uma para cada um?
A verdade pode estar com alguém?
a gente sózinho tem essa suprema capacidade de compreendê-la?
ah, a verdade,
quanta mentira em teu nome!
ah, mentira,
quanta verdade em tanta mentira!
haverá mesmo isso?
mentira, verdade?
certo, errado?
bom, mau?
bem, mal?
mocinho, bandido?
não teriamos todos,
cada um,
uma pequena parte deste diamante?
e só quando pudéssemos junta-las todas,
teríamos a buscada Verdade
e esse diamante não seria também O amor?
e esse diamante não seria também A vida?
Ah, a Niquitita tem sempre razão...
"Talvez seja filosofia
Talvez seja falta de assunto
Mas não há quem dirá (quem diria)
A verdade só, só junto
Que junto a verdade aparece
E ser só metade é ser só
E só quem amou sabe disso
Gigante olha a pedra e vê pó"*

*Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A canção das Fadas (pauloPioner)

há sempre uma nova fada
para cada supernova
que rompe a barra do dia
há uma nova alegria
uma nova tristeza talvez
mas nada apaga a beleza
nem nada, o tom suave da tez
em que o sol encontra pousada

faço versos por vontade
faço versos a pedido
faço versos noite, tarde
faço versos sem sentido
versos, por pura insensatez
faço mesmo, versos por nada
e hoje pra todos vocês
venho falar sobre fadas

de todas as fadas que conheço
reconhecíveis, disfarçadas
discretas, escancaradas
fadas que nem sei se mereço

falo da fada madrinha
mãe, avó, tia, maninha
fada da harmonia, da paz
fada da maior das virtudes
fada da humildade, das atitudes
fada humana, bonita
fada do grande coração,
falo da Fada Niquita

falo da fada mais linda
menina, mulher e amiga
fada da sensatez, da pureza
fada do "improviso do perdão"
fada da generosidade, da coragem
tua sapiência. por favor, nos ensine
fada de toda beleza possível
Fada meninAline

falo da fada Rainha
filha, pai, mãe, família
fada da boa vontade, do amor
fada do apito inconfundível
fada que não falta, que chama
fada dos doidos, da boêmia
aquela que a todos acolhe
A Fada Rainha Noêmia

falo da fada aprendiz
viço, beleza, energia
fada pequena, fada princesa
dos acordes de "Bandolins"
fada da discrição, do silêncio
espalha sobre nós ó fadinha
teu pó mágico da esperança
Fada aprendiz Renatinha

E por último, a fada primeira
fada, musa, mulher, musicista
fada de acordes e rimas
de todas as flautas e latinhas
fada da alegria, fada da arte
fada dos palcos, fada morena
da-nos sempre o teu sorriso
Suave Fada Madalena
O mesmo céu (pauloPioner)

estou olhando o céu,
estou sob a chuva pesada,
desta tempestade,
estou sob as chibatadas fortes,
do vento frio,
mas por trás das nuvens negras,
já posso distinguir,
uns tímidos raios de sol,
vou continuar olhando o céu,
até ele clarear por inteiro,
ja não será o céu que era antes, por certo,
pois nunca é o mesmo céu de antes,
mesmo sendo,
mas será um céu,
lindo de se ver
Simples (pauloPioner)

"Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi
Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor..."
(Taiguara em trecho da canção Universo no teu corpo)

Ontem cheguei em casa muito triste,
é triste ter que desistir de coisas,
é muito mais triste ter que desistir de pessoas,
isso é um golpe duro,
na esperança que temos num mundo melhor,
onde haja mais entendimento,
onde haja mais paz,
mas hoje é outro dia,
hoje começa,
como começa a cada dia,
uma nova história,
se abre uma estrada nova,
e nasce um novo sol,
(o mesmo velho novo sol de todo dia)
e basta abrir um sorriso para o mundo,
que o mundo abre um sorriso para nós,
Hoje, mais do que nunca,
plena é minha convicção,
puras são,
sempre foram,
e sempre serão,
minhas intenções,
mais aberto ainda esta meu coração,
e leve, minha alma paira,
trespassada pelos raios desse sol,
que é uma das estrelas dessa Aldeia
e a nessa Aldeia se canta...
O "Canto de um povo de um lugar"

*"Todo dia o sol levanta
E a gente canta
O sol de todo dia
Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde
Quando noite há lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite "

Simples...

*Caetano Veloso
...ainda - (pauloPioner)

Prefiro olhar a encosta,
a parte da montanha que sobe,
por onde desliza o sol
e nenhuma sombra encobre

ali onde a relva é verde,
do verde frescor da vida,
e brotam flores selvagens,
tal qual inocência perdida

prefiro olhar para a pedra,
de singela cor e textura,
testemunha de outro tempo,
de antiga dor e ternura

e mesmo a beira do penhasco,
ignoro a grota profunda,
onde se esconde o medo e o asco,
que minha esperança inunda

e mesmo à irresistível vontade,
de me entregar ao desconhecido,
de saltar no espaço vazio,
do que tenho feito e sido

anteponho minha insana calma,
na pouca paciência que finda,
e penso tocando as nuvens,
hoje não, não tenho asas...ainda
Assim... (pauloPioner)

como o vento que vem e passa,
traz o aroma do chá de maçã,
como o mesmo sol de todo sempre,
nasce novo a cada manhã,

assim me faço e desfaço,
nos espelhos que todos somos,
em dureza como a do aço,
em doçura como a dos gomos,

quem quiser entrar, que entre,
quem quiser sair, que saia,
pois "tudo que eu quero ser, menina
é gente da tua laia"

não importa quem faltou à festa,
importa quem esta presente,
pensar no que não, não presta,
o que vale é o sim da gente,

"eu vou desdizer
tudo aquilo que ja disse antes"
quantas vezes, quer, aconteça,
quantas me dê na cabeça,

vou morar na cidade linda,
vou trabalhar em Copacabana,
vou andar na areia da praia,
todos os dias da semana,

não preciso acreditar em nada,
não preciso de nada pra viver,
somente o instante, o momento,
somente abrir o olho e ver,

somente o ar que respiro,
somente a canção ao longe,
somente o olhar do vampiro,
somente o sorriso do monge
Fragmentos (uma canção para Mônica) ( pauloPioner)

não, cara amiga...
O Amor realmente não existe...ainda.
Falo dO Amor substantivo,
do Amor pleno,
despido de tudo quanto é...
mesquinhamente humano.
o "amor" que nos é dado conhecer,
na verdade, são fragmentos,
do que é O Amor.
uma amostra mínima,
do que realmente poderá vir a ser,
são afetos, carinhos, amizades,
paixões, devoções, idolatrias,
porém, todos contaminados com nossas falhas,
com nossas fraquezas,
nossas idiossincrasias,
(mas ainda assim importantes)
O Amor na realidade
é incondicional,
nada o pode arranhar,
na medida em que,
venha a existir plenamente.
Só que enquanto houver
mulheres marginalizadas,
crianças chorando de fome,
homens matando homens,
matas sendo queimadas,
animais sendo extinguidos,
se torna impossível,
a existência dO Amor,
pois ele esta repartido em fragmentos,
que habitam...
cada grão de areia,
cada pedra,
cada inseto,
cada folha,
cada gota de chuva,
cada brisa que sopra,
cada canto de pássaro,
cada grito de criança,
cada acorde que soa,
cada voz que canta,
cada olhar triste,
cada beijo,
cada pensamento,
e tudo mais quanto possa existir,
e ele existirá plenamente,
quando houver a comunhão,
de todos estes elementos,
em que cada humano,
reconhecer no outro humano,
no grão de areia,
na pedra,
no inseto,
na folha,
na chuva,
na brisa,
no canto do pássaro,
no grito da criança,
nos acordes,
nas vozes,
nos olhares,
nos beijos,
nos pensamentos...
um igual,
um igual em importância,
para a grande comunhão da vida....
Mas se ele existe em cada elemento
e cada elemento também,
por sua vez,
também existe,
entao existe O Amor, dirás.
e eu te repondo...sim
potencialmente sim,
nada do que não exista,
um dia existirá,
nada do que existiu deixará de existir,
mas só poderemos beber desta água ,
da mais profunda pureza,
quando soubermos merece-la,
só isso

primeira <> última
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Vou-me embora... (pauloPioner)

"Vou-me embora pra Passárgada",
a Passárgada que escolhi,
a Passárgada que inventei,
que não é a mesma de Bandeira,
que é a Aldeia do meu sonho,
que não tem rei algum,
la não existe ter,
não existe meu, nem teu,
nem minha , nem tua,
as mulheres se banham nuas,
nos chafarizes das praças,
e a gente ri de graça,
da graça de qualquer coisa.
"Vou-me embora pra Passárgada,
aqui eu não sou feliz"
na minha aldeia,
não existe mau pensamento,
não existe sentimento ruim,
tudo que se faz é sempre o bem,
porque só assim os corações entendem,
não se perdoa nada,
pois a nada é preciso perdoar,
tudo é dito e feito com pureza,
entendido e recebido com leveza,
não há entrelinhas,
nunca se ouviu falar em mesquinharias,
e essa palavra sequer existe,
o sorriso é o sol desta aldeia,
a tudo ilumina,
a todos transparece,
"Vou-me embora pra passárgada"
lá as bebedeiras não tem ressaca,
se cantam as luas cheias e quartos de lua
e cantam-se minguantes, se encantam novas,
das varandas,
os acordes soam inteiros
e invadem as madrugadas cheias,
dos corações doidos,
doidos de amar,
o único amor que existirá,
um dia,
sim...existirá,
as vozes entoam hinos á vida
e a vida é plena de alegria,
não há passado ou futuro,
tampouco o conceito de tempo há,
nada é de ninguém,
e tudo é de todos.
"Vou-me embora pra Passárgada"
vou montado no último raio de sol do verão,
vou ao encontro da primeira brisa outonal,
que este hiato,
entre um e outro,
é a porta que leva a aldeia
onde não há encenação qualquer,
de farsas, tragédias, comédias,
onde as árvores das verdades são cultivadas,
todas, com sementes de sinceridade,
vou como folha que se desprende,
de tudo quanto havia até agora,
e agora se faz outro agora
em que sou folha solta ao vento,
entre a vertigem veloz da queda,
e o torpor inebriante do planar da pluma,
como a morte que se faz vida,
a vida que se faz morte,
como a morte que gera a vida,
como a vida que gera a morte,
vida e morte,
tão iguais
como mesmo,
contínuo,
sempre novo...
e antigo...
maravilhoso...
infinito...
ciclo
Motivos (pauloPioner)

Eu,
sou o que ara a terra,
semeia a semente,
cuida das pragas,
mas não fica para colheita,
poderia, quem sabe,
atear fogo ao celeiro.
eu,
sou quem prepara a ceia,
serve a mesa,
acende as velas,
mas não fica para jantar,
poderia, talvez,
envenenar a comida.
sou eu e sou ele,
sou ele e sou eu,
como no verso adolescente,
tem certas coisas que não entendo,
então não pretendo ser entendido,
não me explico,
não me justifico,
não parto,
não fico,
quando desço a ladeira,
não olho pra trás,
fraqueza ou medo,
tarde ou cedo,
quem sabe?,
que sei?
sou quem despreza o amor mais delicado,
sou quem abandona o amor mais puro,
sou quem não acredita nos deuses,
sou quem não acredita na existência do amor ......ainda,
admiro a fé,
me comovo com os sentimentos,
não guardo mágoas,
não guardo rancores,
não lembro de mal algum,
que alguém por ventura,
me tenha feito ou desejado,
só coleciono sorrisos,
todos que ja pude ver,
e até os que nunca vi,
sou como o vento,
estou por aí
Uma Mulher (pauloPioner)

e era uma mulher assim,
como todas,
e era uma mulher assim,
como nenhuma,
trazia em sí todos os sonhos,
trazia em sí todos os pesadelos,
como talvez tragam todas as mulheres...
que sei?
só sei que tinha os olhos lindos,
verdes como a Amazônia inteira,
assim como Tatiana.
um sorriso inigualável,
sorriso de inaugurar primaveras,
como os que brotavam
da boca de Rosana.
tinha os lábios doces e suculentos,
como um pêssego maduro,
bem como eram os de Deise.
tinha sonhos irrealizados e doidos,
desejos secretos represados,
como os de Carla,
a sua beleza era pura e singular,
de tantas varias nuances de flores,
bem ao modo de Rejane.
o viço selvagem e entusiasmado,
o mistério poderoso da felina,
tal qual dançante Cristine.
a coragem e a determinação,
a mística da fêmea resoluta,
como só Angela.
e era frágil e carente,
forte e apaixonada,
como só uma mãe sabe ser,
assim como Teresinha.
e tinha o corpo quente e macio,
a chama das fogueiras de São João,
como o calor de Janaína.
e era malucamente maravilhosa,
louca, artista e arteira,
como Fernanda
trazia a emoção do primeiro beijo,
da sempre primeira namorada,
que traz a lembrança de Verinha.
e era a musa de todas as canções,
pois todo verso do poeta,
é sempre pra sua amada,
como pra sempre Juliana.
são todas mulheres que existem,
também mulheres que inventei,
são todas mulheres que amo,
talvez mulheres que amarei,
e todas as mulheres numa só,
como só ela soube ser,
que aprendeu acender o sol,
pra fazer o dia amanhecer
Silêncio e Solidão (pauloPioner)

Silêncio e Solidão,
o melhor amigo,
a melhor amiga,
com quem o vinho bebido,
tem sabor inigualável,
prontos sempre a escutar
os desvarios dos doidos.
"o mesmo silêncio,
(e eu diria, a mesma solidão)
em que escrevo
e em que tu me lês"
"ponte de estrêlas"
como disse Quintana.
solitário, solidária,
cumplicidade plena,
companhias perfeitas,
para os poetas...
sempre presentes,
exatamente,
quando todos foram-se embora.
vim do silêncio
e vim só,
um dia voltarei
e serei pó
Te ver Feliz (pauloPioner)

Te ver feliz,
brilhando como nunca,
pequena estrela no meu sonho,
brilho de sorriso largo,
brilho de mulher que sabe o que é,
brilho de menina que sonha em ser mais,
brilho de toda estrela,
brilho de lembrar,
lembrar teu
"vulto feliz de mulher
cantada em verso ou não
é por assim dizer
a musa da canção"...
Ontem (paulopioner)

eu ontem olhei a estrela
e ela olhou pra mim
então vi naquele brilho,
teu amor... sem fim
ela refletiu a mata
e fez-se de outra cor
então vi naquele olhar,
o tom do... teu amor
eu beijei a luz da estrela
e foi como num lampejo
acho que a minha boca,
foi encontrar o teu beijo
fiquei ali toda noite,
abrigado pelo luar,
amando aquela estrela
e ela... a me amar
adormeci no seu colo,
sonhei o que ela sonhou,
e antes que o sol raiasse,
um beijo... me acordou

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Dois Sóis, Duas Luas (pauloPioner)

Amanda de dois sóis
serão teus cabelos ondulados,
longos, curtos, lisos
ou se derramam em caracóis?
Amanda de duas luas
qual de ti é essa menina,
essa mulher
quais de ti são?
ou serão duas?
menina maluquinha, maluquete
bãobora bébeu, bãobora bebete
mulher e mãe,
mulher duas vezes
Amanda,
"chão, pó, poeira
pé na estrada,
sol na moleira
chuva danada..."
danada menina,
paulistana mulher,
quem te quis,
quem te quer
bem que se quis,
um malmequer,
tudo de novo,
novo de novo,
como todo sol de manhã,
vira a casa de pernas pro ar,
só para dançar,
sem parar de dançar ,
só para cantar,
sem parar, sem parar,
Amanda de Vinícius,
Amanda amando,
amando por virtude,
amando por vício,
Amanda fim e início,
de tudo quanta nos manda
e nos guia ao precipício,
que pode ser um novo sol ,
ou dois sois,
ou duas luas,
te vejo menina,
Amanda na rua ,
toda godiva,
toda nua,
em corcéis brancos,
na praça da sé,
no viaduto do chá,
por toda fé,
por todo pajé,
que houver de rezar,
adivinhar o anhang,
adivinhar a sina,
de Amanda mulher,
de Amanda menina
e por falar em paixão... (pauloPioner)

como o cristal que quebra
e em dezenas de pedaços se esfaz...
ninguém será capaz de colar,
ninguém saberá como se faz,
como o som do impacto fica,
ecoando...ecoando...ecoando,
para sempre e sempre no vazio,
indefinidamente soando,
uma única nota,
como a imagem em camera lenta,
se eterniza em uma repetição sem fim,
num big bang em moto perpétuo
que explode e implode em mim
Espinho e Flor (pauloPioner)

O perdão,
vem da compreensão
de se saber tão igual
e tão diferente
de se saber gente,
como qualquer
e ter na alma o amor
e no coração a dor
e trocar de lugar
como sombra e luar
e ver assim
que tudo é a mesma dor
que se transforma em luz
na medida em que abres a alma
para libertar as asas
e então, vejam só
parafraseando o poeta,
"aquela corcunda asquerosa
era apenas as asas do anjo
sob as vestes escondidas"
cada um sabe sua história,
mas não sabe conta-la totalmente,
pois em algum momento adormeceste
e alguém velou teu sono,
então agradeças,
mesmo sem saber a quem,
que houve um dia,
um instante de magia,
em que o espinho,
se transformou em flor
Para (pauloPioner) E haverá, nesta tarde, duas nuvens no céu a te proteger, alguns pássaros em uma árvore próxima, uma borboleta ziguezageando por alí, uma brisa leve embalando seu cabelo, e um pequeno cão vira latas a rondar, e além do sol, nossa estrela mais próxima, que estará enviando toda a sua energia, outra estrela, a que paira sobre nossa aldeia. e você saberá que não esta só, e nunca estará
Inauguração do Mundo (pauloPioner)

como no dia que inauguraram o mundo,
todo dia inauguram outros tantos,
são dias de santos e silva,
são dias de silvas e santos,
como o moleque cantador,
cantou a dor
cantou o amor,
para redescobrir o que for...
e foi ouvindo a voz de Elis
que redescobri como se pode redescobrir,
todo dia, o grande motivo,
o motivo que é sempre único,
o motivo que é sempre presente,
que o futuro é sempre em frente
e o presente é o presente recebido
do sol que nasce por tras do dia,
do dia que será nova descoberta,
de sermos,
em não sendo,
sempre assim,
sempre novo,
incompreensível,
e fácilmente compreendido
por quem souber amar
Apenas Poesia? (pauloPioner)

Poetas... Poetas...
o que são?
...perdão por amar?
...apenas amor?
...mas se isso é tudo quanto podes fazer...
o resto... é apenas poesia...
apenas poesia?
Poetas (pauloPioner)

Poetas... poetas...
o que pensam?
o que são?
o que pensam que são?
se difarçam de brisa
para acarinhar docemente a face da amada,
se fazem de ventania
para se misturar aos cabelos longos da musa,
se transformam em sol
para toca-las de leve e aquecer-lhes a pele,
e se recriam em chuva
para escorrer e passear por seu corpo inteiro,
transmutam-se em luar
para invadir seus olhos
e beijar-lhes a alma
e de longe
fingem-se de estrelas para espiar-lhes,
e velar por seu sono,
tecem versos com o calor das fogueiras
para abriga-las do frio,
compõem cantigas de ninar
para acalmar suas angústias e dúvidas,
escrevem hinos à alegria
para desenhar sorrisos largos em seus rostos,
e odes à coragem
para que elas usem de escudo contra seus medos
e acham que seus poemas podem salvar o mundo,
pobres tolos,
se não conseguem sequer tocar,
seus labios em outros labios,
sua mão em outra,
se não sabem dizer mais nada agora,
assim frente a frente
então riscam nos muros declarações de amor
à vida e à esperança
como pudessem enganar o mundo
e disfarçar suas doidas paixões...
o que pensam que são?
o que são?
o que pensam?
poetas... poetas...
Uma só (pauloPioner)

A verdade é uma só
"as coisas se transformam,
e isto não é bom nem mau"
nada do que foi...
deixara de ser o que foi.
mas nada do que é,
tem que continuar a ser.
O presente não nega o passado
só se afirma diferente, novo
como o futuro é construido,
milésimo de segundo...
a milésimo de segundo
das ruinas do instante presente
Erva Daninha (pauloPioner)

Quis ser habitante do teu jardim
acabei matando todas as flores
e tudo quanto deixei no fim
foi um imenso deserto sem cores
Sempre (pauloPioner)

Tudo é continuação,
infinita continuação,
como o sem número de constelações
que se tocam em luz,
infinita luz
que sempre é,
sem passado,
sem futuros,
em abstrações,
sem limites,
sem controles
em início, sem fim,
porém com princípios
e finalidades
o sempre estivemos,
o sempre estaremos
são apenas o agora
como o rio,
que é sempre o mesmo
e sempre outro
e somente existe
e somente somos
o sempre
de presente (pauloPioner)

um pedacinho do dia,
um pedacinho do céu,
um pedacinho do sol,
Ah, como eu queria...
te presentear
uma doce lembrança,
um tanto de sorrisos,
uma voz de algum dia,
um sonho de criança,
para te aliviar
Efêmera Eternidade (pauloPioner)

tudo é finito em sua infinitude,
mas em forma de ciclos,
que nunca se sabe onde começa...
nem onde termina
porque não há um início...
nem nunca, um fim...
deuses também morrem
estrelas também se apagam

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Como a manhã (paulopioner)

e era assim,
linda como uma manhã primaveril
e florescia com mil flores
de tantas e tantas cores,
eram cores inimaginadas,
de tons inverossímeis,
eram toda a loucura
de dançar entre as cores
que eram por si só, a nova manhã
reinventando a vida,
olhando os exércitos inimigos
caindo um a um
na luta contra o amor
e renascendo em outras formas,
pois que o amor não destrói,
apenas transforma,
tudo que parecia perdido
em um novo sonho,
sempre e sempre novo
como cada alvorescer,
cada nascer e renascer,
ressurgir, refazer,
na refazenda de Gil
que canta por prazer de cantar,
ofício e sacerdócio,
pela cultivo do ócio,
bendita e santa preguiça
e teu olhar,
por cima de tudo,
como a verde mata,
desata em um vôo sem rumo,
sem prumo,
mas tanto faz,
pois eu, doido de felicidade
fui folha e serei a nuvem sobre a cidade,
para ora te fazer sombra,
ora te molhar de chuva
e depois, em indo embora,
te deixar o sol por companhia,
o sol que também é uma estrela,
uma estrela no dia
"Da voz" (paulopioner)

"Velha druida com olhos de cortesã"
tão velha quanto é velha,
cada nova manhã,
olhar que atravessa tempos e sombras
brumas de Avalon,
fog londrino
ou tênue devaneio
de um velho menino
em lábios entreabertos,
mantém sonhos despertos
abrem-se as portas do destino,
em desatino completo
de quem busca cumprir o último desejo
e se transfigura em totalmente luz
ao fim calmo de um último beijo
Azul de mãe (paulopioner)

Hoje o dia esteve todo azul
com o azul dos olhos dela
de um azul imenso
tão azul quanto denso
a me guardar,
a me ninar
e até penso
a meninar.
Alguma longínqua lembrança,
minha herança,
esperança,
brincadeira de criança,
de quem quanto mais dança
mais quer dançar
até não terminar
até meninar
Quintanares (paulopioner)

Quintana, teus quintanares
voam soltos pelos ares
feito papel de bala ao vento
rodopiando em cada redemoinho
pequena libélula ensandecida
a dançar nas asas do moinho
quixotesca atitude sem nexo
que só aos loucos importa
descobrir dos anjos, o sexo

sábado, 6 de outubro de 2007

Homens não sabem a mar (pauloPioner)

Como me desculpar então,
tanta gente, tanto coração,
mulher, mãe, menina moça,
clareza de tino e pé no chão,
se não soube sonhar teus sonhos,
se não soube retornar a paixão,
se não te fiz a canção prometida,
se não fui sol, nem mesmo clarão,
se te ofereci a lua e as estrelas,
e só te entreguei a decepção,
se ignorei teus segredoss,
e desfiz tamanha ilusão,
se te quebrei o encantamento,
te deixei seco e deserto o chão,
te induzi a sacrifícios, pecados,
não sei se mereço perdão
se fui colher flores orvalhadas,
te deixando com medo num canto,
se na felicidade do verde,
fiz brotar a dor e o pranto,
porque então, se te queria como parecia, tanto me dar,
não soube me fazer teu?
é que os homens não sabem amar
com a delicadeza das mulheres
nem que tentasse, ano após ano,
mulher sabe amar a gota da chuva
o homem só sabe amar... o oceano
mas resta sempre um talvez
do que pode um dia vir a ser
quando o homem aprender a amar.
É a esperança no amanhecer ...
O mesmo dia (pauloPioner)

Pois neste mesmo dia,
nasceu tanta gente,
e outros se foram é verdade,
neste dia tanta coisa aconteceu,
em cada segundo,
a cada inspiração e expiração,
cada olhar, cada palavra, cada gesto,
pulsa a vida num interminável ciclo.
Uma hisória começa onde a outra termina
eu prefiro lembrar da menina que não conheci
mas por certo um dia encontrarei
brincando em algum parque do mundo,
deste ou do outro mundo,
como diria Quintana,
ela não lembrara de mim
e eu não lembrarei dela
somente no brillho do olhar refulgira um mistério
e ela me sorrirá, sem saber porque
e eu responderei, feliz, sem saber
especialmente neste dia

Resposta

Resposta (pauloPioner)

Esta não é uma resposta,
não é um complemento,
é apenas o sentimento de quem,
em algum lugar também sente,
se questiona,
e lendo o que a mim parece,
pois que parecera a cada um de um jeito diferente,
precisa dizer igualmente,
gritar de forma demente
que não sabe resposta alguma,
que não sabe dizer o que deveria,
que não sabe, as vezes, ser o que poderia.
Ah quanto deixamos a desejar.
Quanto deixamos de ser,
e quanto gostariamos de ser

terça-feira, 2 de outubro de 2007

"Primeira canção dos doidos da madrugada"

Prepare sua alma e ouvidos
pra história que vou contar
tal menestrel incumbido
de tantos relatos cantar

encontram-se em certo tempo
em uma pagina branca
juntaram letra com letra
cultivaram conversa franca

como herdeiros de hippies
românticos, leves e puros
vinham montados em sonhos
raios de luar nos escuros

sob a luz das estrelas
ao som de mil bandolins
enfrentavam o mundo sorrindo
rodopiando, livres enfim

em volta ao fogo lendário
buscavam luz e calor
consumiram tempo e distância
em loucas canções do amor

recriaram a palavra amizade
semearam margaridas no asfalto
como bando de anjos boêmios
gritaram a vida bem alto

dos acordes do menestrel
do sorriso da fada morena
da voz e versos de Oswaldo
da flauta de Madalena

fizeram bandeira da Aldeia
fizeram abrigo e morada
fizeram motivo e razão
os doidos da madrugada

são doidos de acreditar
os mais suaves pensamentos
são doidos de semear
os mais puros sentimentos

São agora doze experiências
como todas, únicas da natureza
são Mônica, Célia, Amanda
Aline, João e Vanêssa

são, quem sabe , um princípio
um movimento pequeno
são Kelce, Renata, Eliane
Noêmia, Paulo e Moreno

e a Aldeia esta aberta
pra todo aquele que quiser
e sera sempre bem vindo
todo aquele que vier

porque para todo doido
qualquer hora é madrugada
e cada verso do poeta
é sempre pra sua amada

pauloPioner

sábado, 22 de setembro de 2007

Bom Dia! Boa Tarde! Boa Noite...
Aqui começa... Apenas? Poesia...