sábado, 13 de outubro de 2007

d'Aldeia (pauloPioner)

Ela situa-se no limite,
entre o efêmero e o eterno,
acima do céu,
abaixo do inferno.
nação de doido,
meio doido,
doido e meio,
como diria o duende.
Nela vivem,
todos que nela vivem,
dela saem,
todos que dela saem,
pra ela voltam,
todos que para ela voltam,
em simples ser agora,
nada mais,
sem outro tempo,
sem nenhum tempo sequer.
É imagem,
imaginação,
cabe no peito,
no coração,
abriga almas livres
e sem rumo,
no rumo do seu talvez.
São pássaros ciganos,
do coração de lili,
sem projetos nem planos,
é aqui, é ali,
é qualquer lugar,
onde teu olho brilhe,
onde teu sorriso exploda,
onde tua gargalhada ecoe.
Terra de fadas, duendes, princesas,
de mortais, plebeus, realezas,
onde tudo cabe,
onde nada se precisa saber,
além do teu cabelo no vento,
além de meia dúzia de acordes,
que acordem as doidas madrugadas,
com cantigas novas,
com histórias antigas.
Onde sempre há sol,
quando ele nasce,
onde há sempre chuva,
quando ela cai.
E sempre há uma fogueira na aldeia,
para aquecer os que tem frio,
para iluminar quem precisa de luz,
ela é marco, é bandeira, é razão,
para identificar o território da alegria.
E em volta dela,
os aldeões,
de todos os cantos do mundo,
dançam e cantam,
todas as danças do mundo,
todos os cantos do mundo.
"Somos a semente, ato, mente e vóz" *
daqueles que caem,
daqueles que desistem,
daqueles que desesperam,
daqueles que calam.
Acima da aldeia,
há sempre uma estrela,
e abaixo da estrela,
há sempre uma aldeia,
em cada um de nós,
em cada silêncio,
em cada solidão,
em cada vez,
que me abraço só ao violão,
como a fada aprendiz,
e rezo uma prece sem Deus.
E há uma marca,
em cada habitante da aldeia,
que os difere,
que os faz assim.
Todos eles podem contar a história,
do dia em que se pegaram vagando entre as nuvens,
com seus olhares pousados no azul e na paz,
do dia em que falaram com a estrela,
ou simplesmente a assistiram dançar com a lua,
e sorriram,
pois ali compreenderam o grande motivo da vida.
Eu vos saúdo,
povo da aldeia,
d'Aldeia dos doidos da madrugada

Um comentário:

Monica disse...

Viva Aldeia. Viva a sensibilidade e a poesia!