Um dia, no antes, era um homem
arava a terra, plantava semente
com suor regava a vida
que a terra fértil devolvia
florescia e frutificava
mas a ilusão arrastou
o campeiro pra cidade
tanta luz e maravilhas
onde mora a felicidade
um dia, no agora, é boi de canga
prepara massa, senta tijolo
mas o asfalto duro e seco
não devolve o seu suor
tampouco concreto da flor
a miséria acorrentou
o campeiro na cidade
tanta iluminada armadilha
onde mora a falsidade
devora seus dias
em pratos feitos
como tanta injustiça
pode caber num peito
esmaga seus sonhos
na condução cheia
agora em vez de sangue
cachaça corre na veia
um dia, no depois, nunca soube
que o melhor será sempre amanhã
um dia, no depois, soube sempre
que amanhã nunca será melhor
Oô, Vira o cocho
onde te servem os restos
Eê, vira o cocho
pra ser homem novamente
Oô, vira o cocho
onde te deixam a esmola
Eê, vira o cocho
pro povo voltar a ser gente
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