domingo, 3 de fevereiro de 2008

Homem

longe dos campos esta ele agora
andando por uma rua, ao mesmo tempo, medonha e luminosa
os seus pés vão amassando as pontas de cigarro
e sua roupa esfarrapada varre o chão
homem simples, trabalhaste a vida inteira e agora perdeste todo o valor
velho e doente esperas a beira dos prédios a tua hora de adormecer
de descansar o corpo desgastado
o tempo impiedoso atravessou a sua própria imagem
ultrapassou-se num redemoinho onde podia-se distinguir
os cabelos escoaçando, as roupas molhadas colando ao corpo
e o calor de outro corpo enraizando no seu
onde estão teus filhos pobre homem, onde estão teus anos
eles te homenagearão com uma cruz fincada no peito
fincada na terra, quando te fores
a mesma terra que trataste irmã
agora te terá nos braços
dorme criança, esquece a velhice e adormece em tua simplicidade
que este teu sorriso vazio de morte
vale mais do que fizeste a vida inteira

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