(letra de milonga inscrita em festival de música nativista do Rio Grande do Sul)
no limiar do século dezenove
nos sete povos em ruína
sem documento que o prove
nascia uma menina
seria coisa corriqueira
não fosse o anhang da indiazinha
Anaí, a flor da corticeira
o que o pajé adivinha
adivinha então a sina
adivinha ali a missão
de quem traz o brilho da guia
no meio da escuridão
de escura desesperança
que assola um povo sem terra
cuja patria foi tomada
pelas agruras da guerra
guerras que extinguem raças
que aniquilam nações
que nunca respeitam sonhos
que não escutam corações
lutar não tem sentido
em guerras de hoje e de ontem
de nada vale morrer
por interesses de outrem
Anaí, guia de sua gente
soube assuntar, tomar tino
colher com a flor, sabedoria
soube tecer o destino
na cabeleira negra ao vento
a flor rubra da corticeira
com seu exército de chinas
trazia a paz como bandeira
e no meio da batalha
na batalha que não se fez
tombou a valente cunhã
e em labareda se esfez
eis a lenda de Anaí
a flor rubra missioneira
de rubro sangue guarani
derramado na fronteira
eis a lenda de Anaí
que esta lição nos traz
mais do que as glórias da guerra
vale um tempo de paz
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